No último dia 12, a AM-ES promoveu em parceria com o Instituto Canal, o seu encontro na localidade de São Paulinho, Pedra Azul,
Tendo a Uruçu capixaba como principal tema, o encontro contou com participantes de diferentes municípios.
Thiago Branco tratou do tema Meliponicultura e Ecologia, onde abordou não só o retorno positivo da meliponicultura para ecologia, como discorreu sobre as responsabilidades dos criadores com o meio ambiente.
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Meliponicultura e Ecologia - Thiago Branco |
Thiago defendeu que os criadores devem estar atentos, procurando serem mantenedores apenas de espécies de ocorrência natural nos ambientes de seus meliponarios. Ele ressalta, que fica muito preocupado com a criação da espécie Melipona scutellaris (uruçu nordestina) no Espírito Santo, principalmente em regiões próximas dos locais mais indicados para a abelha capixaba,ou seja, nos locais com altitudes a partir de 600 metros. A preocupação vem do fato de haver registro de casos de hibridismo entre as espécies.
E ele tem razão - as duas espécies são irmãs, - existindo poucas diferenças genéticas entre elas.
Os machos da uruçu nordestina são capazes de fecundar a rainha da uruçu capixaba, gerando híbridos férteis.
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Participantes acompanhando a apresentação do Thiago Branco |
Judismar Barbosa, o Júlio, falou sobre caixas racionais e alguns de seus diferentes modelos. Sugeriu a utilidade de ser procurar aqui, decidir um padrão, que pode ser caixa modelo Fernando de Oliveira (INPA), com os criadores de capixabas utilizando as mesmas medidas, para facilitar o intercambio de genética entre os criadores.
Julio explicou ainda, a teoria do processo de divisão nesse modelo, e aspectos gerais dos manejos,
Representando o Instituto O Canal, Sandro Firmino falou que o surgimento da AME-ES, foi fator decisivo para que ele e O Canal passarem a militar a favor da meliponicultura. Sandro falou sobre Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN. Na oportunidade, explicou que o Instituto O Canal está se preparando para registrar uma em Pedra Azul, e que vai juntamente com a AME-ES, trabalhar a meliponicultura no local, que pretende que seja um santuário onde as espécies nativas estejam protegidas.
Eu fiquei encarregado de falar sobre a Melipona capixaba, como matrimonio ambiental e também cultural do Espírito Santo - já que a criação da uruçu preta ocorre a muitas gerações.
Na oportunidade comentei que a nossa uruçu está ameaçada pelo fato da área de ocorrência natural identificada até o momento ser bastante limitada, em torno de 3450 km ². Somando-se a isso, o fato de ter ocorrido nos últimos anos uma redução dos ninhos naturais, e a presença perigosa da uruçu nordestina, a espécie passa o correr mais riscos, estando em situação de perigo mais efetivo.
Embora esteja havendo um progressivo aumento na quantidade de colonias de capixabas em meliponarios, o risco da espécie permanece, já que dentro dos critérios científicos atuais, considera-se apenas a ocorrência natural, quando se avalia a situação de risco de uma espécie.
A legislação castradora acaba por se tornar um um problema para a melhoria da situação, uma vez que, enquanto ajudaria bastante um comércio efetivo dentro de uma área estratégica (regiões do ES com altitude acima de 600 metros), a legislação ambiental, engessa este avanço ao proibir o comércio de animais na lista.
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A Melipona capixaba foi tema em Pedra Azul |
A preservação dessa espécie, que deve ser melhor conhecida pelos capixabas, deve passar pelo estabelecimento de um plano de ações bem montado, atuando em diversas frentes:
- Trabalho de conscientização para evitar a retirada ou morte de ninhos naturais;
- Formação continuada dos meliponicultores;
- Não retirada da área de ocorrência;
- Ampliação da área de ocorrência, permitindo e incentivando a criação em todo o Estado do Espírito Santo, desde que em locais com altitudes a partir de 600 metros;
- Adequação da legislação, com concessão de licenciamento ambiental simplificado;
- Permissão de transporte dentro da região de montanhas;
- Melhoria da genética com migração das colonias dentro da área estratégica;
- Estabelecer um percentual de colonias de criadores que devem ficar sem manejo, a não ser de manutenção para enxameamentos para a natureza;
- Não criação da espécie da uruçu nordestina no Estado do Espírito Santo.
É dentro deste contexto que o Instituto o Canal e a AME-ES, lançaram neste dia a pedra fundamental de um criatório junto da área que será transformada em RPPN. Este meliponario ficará a disposição dos associados da AME - ES que pretendem criar a uruçu capixaba com fins preservacionistas, mas ainda não podem, por não terem acesso a um espaço propício.
A intensão é que colonias dos mais diferentes locais fiquem concentradas nesse espaço, o que irá proporcionar troca de genéticas entre elas, e também, com as que já existem naturalmente no local.
Ocupando uma área total de 49 mil metros, no centro da área de ocorrência da espécie, o meliponario e a RPPN estarão próximos ao Parque da Fonte Grande e da bela Pedra Azul. Local. Perfeito para a meliponicultura, tanto que, bem próximo estão presentes 03 ninhos naturais da espécie melipona mandaçaia, que os participantes puderam conhecer. Um destes ninhos está em risco, pois a árvore está morta. Vem sendo monitorado e na próxima primavera será transferido para uma caixa.
E foi onde está sendo instalado o meliponario coletivo da AME - ES que aconteceu a parte teórica do I Encontro, com oficinas de divisão de mandaçaia e uruçu capixaba.
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Divisão de Uruçu Capixaba - André e Ozenio |
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Associados conhecendo a área do meliponario coletivo e futura RPPN |
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Oficinas de Divisão |
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Acesso ao meliponario e futura RPPN - Rogério, Adriana, João |
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Divisão de Uruçu Capixaba - André e Thiago |
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Thiago Branco, Caio e Sandro Firmino (fundo) |
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O meliponario será gerido pela AME-ES e Instituto o O Canal |
Postagem de João Luiz T. Santos